Quem é você?

Giovanni Alecrim
4 min readMay 13, 2021

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Por quanto tempo você se dedica a você mesmo?

Umas das coisas que aprendi na terapia foi a pensar em mim. Minhas demandas na terapia sempre foram sobre trabalho, relacionamento e amizades. Questões pessoais sempre foram deixadas de lado em detrimento das demais? Não, pior que isso, eu tornei as demais questões minha vida e me desconectei de mim. Pode parecer complexo, mas não é. Você vai me entender quando eu disser a você que:

  1. Você não é só seu emprego
  2. Você não é só seu relacionamento
  3. Você não é só suas amizades

Compreende? Tudo isso é uma parte do que é você, mas o que torna você único? Quem é você? A busca por essa resposta começa por uma jornada na construção da sua vida. Onde nasceu, sua formação enquanto ser humano, a trajetória que te trouxe até aqui. Tudo isso tem a ver com você. Para você compreender melhor, vou contar a minha história e como eu cheguei até a necessidade de escrever sobre isso.

Tudo começou na última semana de janeiro de 2019, não me recordo bem o dia, mas me recordo de ter ido ao shopping e ter sentido um desejo profundo de que tudo se acabasse. Após mais de 20 anos, eu voltava a ter os desejos que me seguiram por toda a minha adolescência. A diferença é que agora eu era casado, pai de dois filhos, adulto e cheio de responsabilidades. Aquilo tudo me pesou demais, somando-se ao peso da angústia e aflição que havia dentro de mim. Foi quando eu compreendi que não dava mais para seguir sem terapia.

Não encontrei minha terapeuta por indicação, mas pelo Google mesmo. Abri o Google Maps, digitei “psicólogo” na minha região e dei enter. Achei mais de dez. Peguei o nome da primeira, pesquisei no Google, vi algumas referências, formação, gostei. Agendei consulta. Como já fiz terapia anteriormente, sei que se não houver liga, não vai, e tem que ser de primeira. E foi de primeira com minha terapeuta.

Muitos de vocês sabem que eu sou cristão e pastor. Já ouvi muitos colegas de profissão dizer que cristão deve fazer terapia com cristão. Eu discordo veementemente disso. Você deve fazer terapia com um terapeuta que você se sinta à vontade desde o primeiro momento. Se não, não faça, busque outro, só não desista.

Já de cara o diagnóstico foi pesado. Precisei ser encaminhado para uma psiquiatra e, nesse caso, fui na indicada pela minha terapeuta. A maior vantagem disso é você poder contar com a interdisciplinaridade e o acompanhamento mútuo. As profissionais se falam e compartilham informações sobre o andamento de tudo. Veio então a fase da medicação. Uma jornada difícil que, atualmente, estou encerrando.

Para a terapia fui levando minhas demandas, meus problemas e, conforme caminhava foi que minha terapeuta me perguntou:

- Tá, mas e o Giovanni, o que você vai fazer pra ele na sua folga?

Não sei se nesse dia você ouviu o barulho de uma grande explosão, mas minha cabeça explodiu e aquela semana foi a mais tensa. Pensar em mim mesmo, o que quero, meus desejos, sonhos, anseios nunca foi prioridade. Quando jovem, dizia que meu sonho era ser pai. Sou pai, e agora? Tenho muita vida pela frente, enquanto tenho a sensação de que o muito ainda é pouco. O que farei para mim? O que eu quero?

Aqui preciso chamar sua atenção para um pensamento que me persegue sempre que penso em mim: egoísmo. Não é egoísmo você se amar, desejar seu bem, sua saúde, seus sonhos. “Faça aos outros o que você quer que façam a você” é um princípio lindo, mas só funciona se você amar a você tanto quanto você ama ao próximo. Se anular para prover felicidade aos outros, evitar conflitos e manter as aparências só vai te fazer mal. Não faça isso.

- Ok, Alecrim, entendi, mas que eu faço agora?

Busque ajuda. Onde? Na terapia.

- Mas não tenho dinheiro

Minha terapeuta certa vez me disse que não conhece um psicólogo que não tenha uma cota de atendimentos por preços acessíveis a todas as faixas de renda. Eu creio muito nisso. Quem trabalha com saúde, seja ela mental, física ou espiritual, sempre encontra um jeito de se sustentar e ainda fazer o bem para as pessoas. Não desista. Busque ajuda profissional.

Tratamento de saúde mental no Brasil não é barato, mas temos acesso. O SUS mesmo oferece os Centros de Apoio Psico-sociais, chamados CAPs, que são serviços para demandas como essa. Por mais difícil que seja, encontre forças, pense em você e busque ajude.

Se os dias estão difíceis, mais difícil ainda é seguir adiante carregando um peso que não precisamos carregar, mas que, infelizmente, nos acostumamos a carregá-lo.

Fique bem.

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Giovanni Alecrim
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Written by Giovanni Alecrim

Vida com Jesus, espiritualidade saudável, Bíblia, culto e teologia. https://bento.me/alecrim

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