Não quero ser church
Não quero ser church, nem eklesia, quero ser Igreja
Numa sexta-feira dessas eu saí da igreja para fazer uma visita no hospital a um parente de um membro que estava internado. No caminho, feito de carro, pude notar umas cinco ou seis churchs. Não eram igrejas, não eram comunidades evangélicas, eram church. Isso mesmo, em inglês no nome. Cada um, cada um, mas o que o anglicismo revela é a tendência a aderir a determinadas práticas de marketing e propaganda já no nome da comunidade de fé. Se por um lado as denominações cristãs enfrentam uma crise de relação com a realidade de seu tempo, por outro, as comunidades avulsas andam fazendo a leitura de seu tempo e, nele, de como comunicar mais com as gerações do presente século.
Onde está o problema? No nome? Não. Não é novidade a quantidade de Shekinas, El Shadday e outras variações inspiradas no crentês na escolha do nome das Igrejas. O problema está na reafirmação de um modelo de igreja trazida de forma enlatada dos Estados Unidos do Norte e sem filtrar para a realidade brasileira. Está na falta de conversa direta com o povo em que a Igreja está inserida. Quando não se fala a língua do povo, não se fala o evangelho ao povo. Foi uma constatação dos próprios reformadores, no século XVI, quando começaram as traduções da Bíblia para a língua do povo e começaram a alfabetizar esse povo para ler na sua língua.
Quando ouviram o som das vozes, vieram correndo e ficaram espantados, pois cada um deles ouvia em seu próprio idioma.
Atos 2.6
O texto do Pentecostes nos mostra que a confusão de línguas foi resolvida e cada um entendia em sua própria língua o que estava sendo dito. Uma das muitas lições que aprendemos com Atos 2.6 é a de que a comunicação é fundamental para a compreensão do evangelho. Falar de maneira que se é entendido é uma obrigação do cristão ao anunciar o evangelho. Quando vejo churchs por aí, fico a me perguntar quem é o povo que está se querendo lá dentro e sou levado a pensar que eles não querem o povo, mas os clientes, mas aí é outra conversa.
Não quero ser church nem eklesia, quero ser Igreja, quero falar a língua do povo, escrever na língua que o povo entende, que o povo lê e que é a língua que recebemos para nos comunicarmos. Não foi por acaso que Deus nos colocou na história neste exato momento e falando na língua que falamos.