Mensagem da cruz: sim eu amo

Giovanni Alecrim
3 min readAug 12, 2019

No ano de 1805 um navio de bandeira inglesa aportou em Salvador por quinze dias. A nau estava a caminho da Índia pela mesma rota de Pedro Álvares Cabral. A bordo estava um jovem de 24 anos, formado em matemática e Ministro Anglicano ordenado há cerca de três anos, que estava à caminho da Índia como missionário. Aproveitando a parada, Henry Martyn desceu do navio e foi conhecer a cidade que os recebia. Já em terra, encontrou-se com autoridades civis e eclesiásticas, com quem teve oportunidade de conversar em francês e latim. Em seu diário, Martyn registrou sua estada em Salvador. Ficou impressionado com a quantidade de altares na cidade. O que lhe chamou atenção foi a quantidade de cruzes fincadas na cidade:

Que missionário será enviado para trazer o nome de Cristo a estas regiões ocidentais? Quando será que esta linda terra se libertará da idolatria e do cristianismo espúrio? Há cruzes em abundância, mas quando será levantada a doutrina da cruz?
(Extraído de “Mochila nas costas e diário na Mão”, de Élben M. Lens César, Editora Ultimato)

Passados mais de 210 anos da estada de Henry Martyn, podemos dizer que vivemos dias de confusão quanto à mensagem da cruz nestas regiões ocidentais. Vieram missionários de todas as linhas reformadas e pentecostais e, como fruto do trabalho destes homens e mulheres, a mensagem da cruz foi espalhada do Oiapoque ao Chuí. No entanto, passadas as primeiras gerações de divulgadores da doutrina da cruz, hoje temos encontrado cada vez menos a doutrina da cruz, e cada vez mais a idolatria reinando no meio evangélico brasileiro.

É preciso retomar a pregação da cruz. É preciso anunciar que Jesus veio ao mundo para salvar o pecador e que nós, Igreja de Cristo, somos os principais pecadores. No entanto, em amor e graça, Deus nos abraçou e nos trouxe para junto dele. Somos frutos da graça de Deus nas terras ocidentais que Henry Martyn regisrou.

A fé é o ato pelo qual o Salvador e o pecador se abraçam pela primeira vez.
(Ashbel Green Simonton)

O despertar da fé nos trouxe para os braços de Deus e devemos, confiantes na graça e amparados por seus braços fortes, anunciar que há solução para nossa sociedade imersa em idolatria. Idolatria religiosa dos que confiam mais nos santos, padres, pastores, bispos, missionários, apóstolos e tantos outros que se colocam entre o homem e Deus. Idolatria política dos que confiam e defendem mais a partidos e personalidades do que a Cristo e sua Cruz. Idolatria do consumo dos que confiam mais no saldo de suas contas bancárias do que no poder sustentador e provedor de Deus, o Senhor. E tantas outras idolatrias que poderíamos listar e apontar. É preciso denunciar a idolatria, que aprisiona o homem, e proclamar a cruz que liberta e dá vida, vida hoje, vida eterna.

Foi esta a mensagem que Ashbel Green Simonton trouxe ao Brasil em agosto de 1859. Com apenas 26 anos, recém ordenado, solteiro, chegou ao nosso país para anunciar a mensagem da Cruz, pregando aos brasileiros que

Quando a alma se une a Cristo pela fé é que ela começa a cumprir seu propósito de vida.
(Ashbel Green Simonton)

Confiemos na mensagem da cruz. Proclamemos a verdade que Jesus veio salvar o pecador. Confessemos e declaremos nosso amor pela cruz de Cristo, como cantamos em nossa Igreja:

Sim, eu sempre amarei essa cruz!
Seu triunfo meu gozo será,
Pois um dia, em lugar de uma cruz,
A coroa Jesus me dará!
(Rude Cruz, autoria de George Bernard, tradução de Antônio Almeida, hino do Cantai Todos os Povos 368)

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