Esperança
Dizem que ela é a última que morre, por isso a mantenho bem viva.
O cristão é um ser esperançoso, afinal, ele é o que vive na expectativa da consumação dos tempos, da vinda de Jesus e da concretização da história. No primeiro século, os primeiros cristãos enfrentaram a oposição do Império Romano, dos judeus e da sociedade. No entanto, contavam com a simpatia do povo. Eles tinham como marca:
- A fé firmada na graça de Deus
- A esperança da volta de Cristo
- O amor como prática de vida
A vida dos primeiros cristãos foi de constante oposição da porta para fora da igreja, oposição essa que era respondida em amor, fé e esperança. Os relatos dos mártires dos primeiros séculos nos mostram bem como a vida era difícil aos olhos humanos, mas repleta de graça e verdade aos olhos da fé.
Vivemos dias de dualismos e constantes embates entre ideias, que tem afastado cada dia mais pessoas. O (des)governo atual tem sistematicamente atacado os princípios democráticos e usado o nome de Deus para validar suas ideias nada cristãs. Mas o que os opositores têm feito? Infelizmente, têm reforçado o discurso sectário e não têm enfrentado como se deveria as forças antidemocráticas. Não é apenas a esquerda política, mas principalmente parte dos cristãos não têm olhado para os discursos como ameaças, mas como bênção. Isso é assustador. O discurso de liberdade, de inclusão e de cuidado com o excluído feito e vivido por Jesus parece não ter validade para estes que carregam o nome de evangélicos, mas que se encontram distantes do Evangelho, da boa nova de salvação.
Como então agir diante do discurso de ódio?
O tempo do silêncio acabou. Após um ano de contínuas declarações absurdas e anticristãs, não podemos mais calar a voz diante de um governo declaradamente fascista e contra o que o Evangelho prega. O que fazer então? Lutar, com esperança, o bom combate do Evangelho. Chegamos no ponto em que a sociedade brasileira, principalmente os evangélicos, precisam ser evangelizados, inundados pela boa nova de salvação. É hora e agir, não apenas em prol da democracia e da vida, mas principalmente em prol do Reino de justiça e paz.
Outro dia um amigo me perguntou se era lícito matar um fascista ou nazista. A pergunta foi uma provocação barata. Mas minha resposta foi muito clara. Diferentemente dos fascistas e nazistas — e alguns partidários de esquerda, direita e alguns segmentos evangélicos — os cristãos não querem a aniquilação de seus opositores, mas sim sua genuína conversão ao Príncipe da Paz. No entanto, se um fascista ou nazista vier para matar um cristão, que este se defenda, mesmo que para tal, isto custe a sua própria vida, ou a de seu opositor. Não, não estou chancelando o direito de matar.
O ódio travestido de amor é a pior face da ação dos cristãos que defendem o governo atual. As políticas sociais que são firmadas em estereótipos e as ações governamentais baseadas em conjecturas e teorias de um ex-astrólogo revelam a falta de coerência dos referidos cristãos. Como pode um povo tão fundamentalista nos usos e costumes aceitarem que um ex-astrólogo, frustrado com a academia, que já ofendeu os cristãos não católicos, seja o mentor de um governo que eles defendem com unhas e dentes, Bíblias e Igrejas? A resposta pode ser complexa, mas se resume em uma palavra: poder. E para ter poder, é preciso abrir mão de um ou outro princípio para poder se manter os privilégios. Em nada disso está o Evangelho.
Como ficamos?
Diante de tudo isso, a resposta é simples: ficamos com a esperança, pois ela nos move em direção ao futuro e, pensando num futuro próximo, enquanto nação, a esperança não nos fará esperar de braços cruzados, mas sim de braços abertos para acolher e mãos estendidas para lutar. É hora de ocupar as praças, os espaços públicos e erguer nossas vozes. Não dá para aceitar o discurso de ódio do governo, mas também não dá para aceitar o discurso hipócrita e revanchista da esquerda lullopetista. É preciso construir, a partir do povo, uma nação para o povo, com igualdade, justiça e direitos. Utopia? Prefiro chamar de anarquia, uma esperança viável para nossa nação. Até lá, continuo mantendo viva a esperança, pois ela nos move como Corpo de Cristo para o Reino do Rei de Amor.
Três coisas, na verdade, permanecerão: a fé, a esperança e o amor, e a maior delas é o amor. 1 Coríntios 13.13