Abandonem a pauta moral
Como uma reflexão num story reflete bem a perniciosidade da pauta moral no meio cristão
Outro dia li numa dessas caixinhas de respostas do Instagram a frase “Não existem assassinos dentre os escolhidos de Deus”. A Rebeca E. Souza respondeu biblicamente o quão errado é esse pensamento postado em sua caixa de interação no Instagram.
Quero me deter, neste texto, na frase. Ela é um retrato do quão pernicioso é pautar a vivência eclesiástica apenas pela pauta moral. Podem argumentar que Apocalipse 21.8 condena à morte eterna os assassinos. Sim, o faz, mas quantos assassinos da Bíblia não herdaram a vida eterna? Vamos ignorar Moisés que matou um homem em sua juventude? Vamos ignorar Davi, o homem segundo o coração de Deus, assassinando Urias? Como resolvemos este desacordo? Vem comigo que te explico.
Quando pautamos nossa espiritualidade apenas pela moralidade, resolveremos tudo na régua moral, e essa conta nunca fechará, pois a nossa espiritualidade não é moral, é graça. A vida com Cristo é graça eterna. Cometemos erros, falhamos grande e constantemente, ainda assim, a graça de Deus nos basta.
O medo de quem defende a pauta moral como regra de fé e prática é que, ao abandoná-la, se perca o controle da vida. E é justamente para isto que Jesus nos chamou, para tirar de nós os controles pesados do jugo da moralidade e carregarmos o jugo suave da graça de Deus sobre nós. Nascer de novo implica em dizer que não mandamos mais em nossas vidas.
Enquanto pautarmos nossa vivência de fé numa guerra de moralidade, ou guerra contra o pecado, nós estaremos negando a vitória de Cristo na cruz. O pecado já está vencido. Ao vencer a morte, Jesus nos libertou do peso do pecado e da lei.
A moralidade cristã não reside num conjunto de regras de comportamento, a isto damos o nome de lei. A moralidade cristã reside na graça de Deus. Não há uma lista de pecados, mas sim uma variedade de frutos do Espírito que posso me apossar deles e viver, com graça e amor.
Enquanto a moralidade e suas pautas perniciosas procuram culpados e capetas em todo o canto, a graça de Deus nos convida a servir, sabendo que
A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo. (Tiago 1.27)
e, ainda
Aprendam a fazer o bem e busquem a justiça. Ajudem os oprimidos, defendam a causa dos órfãos, lutem pelos direitos das viúvas. (Isaías 1.17).
Qualquer coisa que sua religiosidade te leve a praticar fora destes dois conceitos, ela é fruto de uma seita, não da Igreja de Cristo. Pare de discutir quem será salvo, comece a salvar vidas ao seu redor. Salvação eterna é competência divina, não humana.